Por
João Igor Xavier — Exército
de campeões. É assim que a equipe Milithai, atual campeã carioca de muay thai e
uma das mais bem posicionadas no ranking nacional da modalidade, se autodefine.
Formada por jovens das favelas do Jacarezinho e de Manguinhos, ela é fruto de
um projeto social iniciado há 22 anos pelo ex-agente penitenciário e mestre de
muay thai Carlos Eduardo Santos, ou China (foto), com o objetivo de ser uma
alternativa ao crime para as crianças das duas comunidades.
— Na época
percebi que não havia projetos sociais e de incentivo à prática de esportes na
região — conta Carlos, que realiza o projeto na Associação
de Moradores do Conjunto Habitacional dos Ex-Combatentes, em Manguinhos.
Mesmo sem
apoio — só com a vontade de ajudar —, ele diz que o projeto seguiu adiante e,
desde então, cerca de três mil pessoas já passaram por ele. Ao todo, formou dez
faixas-pretas e ajudou a desviar muitas crianças e adolescentes da
criminalidade, ensinando-lhes as regras e as disciplinas que o esporte impõe.
— Nunca
recebemos apoio. Tudo que conquistamos foi graças aos resultados e à custa de
muito esforço e dedicação. Sempre trabalhei para formar os melhores no esporte
e na vida. Quando comecei a dar aula, aos 19 anos, sabia que podia ajudar as
outras pessoas e foi o que tentei fazer —
afirma.
Este ano, a Milithai foi campeã carioca e subiu no pódio em todas as etapas do campeonato.
Este ano, a Milithai foi campeã carioca e subiu no pódio em todas as etapas do campeonato.
— O
segredo é dedicação. Trabalhamos para estar sempre entre os primeiros. É a
melhor forma de mostrar o resultado do nosso trabalho e de fazer com que o
projeto continue por muito mais tempo — diz Carlos.
A mais
recente promessa do projeto é o lutador Leonardo Marques, de 21 anos (na foto ao lado de Anderson Silva). Morador
do Jacarezinho, ele é atualmente o 3º colocado no ranking de lutadores até 79kg
da Liga Carioca de Muay Thai.
— Há dois
anos sofri um acidente de trabalho e acabei perdendo três dedos da mão direita
em uma prensa de duas toneladas. Os médicos disseram que eu não conseguiria
mais lutar. Mas sempre acreditei que podia voltar e, desde então, já tive a
oportunidade de treinar com alguns dos melhores lutadores do mundo — conta
Leonardo.
Sonhando
um dia se tornar um grande nome no esporte, Leonardo persegue seu objetivo dia
após dia com muita dedicação e força de vontade.
— Pratico
muay thai há 7 anos. Cheguei mais longe do que imaginei, mas para mim não é o
suficiente. Quero me tornar um dos melhores do mundo — afirma.Fotos João Igor Xavier e Divulgação (de cima para baixo)
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