4 de nov. de 2013

Projeto forma campeões de muay thai

Por João Igor Xavier — Exército de campeões. É assim que a equipe Milithai, atual campeã carioca de muay thai e uma das mais bem posicionadas no ranking nacional da modalidade, se autodefine. Formada por jovens das favelas do Jacarezinho e de Manguinhos, ela é fruto de um projeto social iniciado há 22 anos pelo ex-agente penitenciário e mestre de muay thai Carlos Eduardo Santos, ou China (foto), com o objetivo de ser uma alternativa ao crime para as crianças das duas comunidades.
— Na época percebi que não havia projetos sociais e de incentivo à prática de esportes na região — conta Carlos, que realiza o projeto na Associação de Moradores do Conjunto Habitacional dos Ex-Combatentes, em Manguinhos.
Mesmo sem apoio — só com a vontade de ajudar —, ele diz que o projeto seguiu adiante e, desde então, cerca de três mil pessoas já passaram por ele. Ao todo, formou dez faixas-pretas e ajudou a desviar muitas crianças e adolescentes da criminalidade, ensinando-lhes as regras e as disciplinas que o esporte impõe.
— Nunca recebemos apoio. Tudo que conquistamos foi graças aos resultados e à custa de muito esforço e dedicação. Sempre trabalhei para formar os melhores no esporte e na vida. Quando comecei a dar aula, aos 19 anos, sabia que podia ajudar as outras pessoas e foi o que tentei fazer  — afirma.
Este ano, a Milithai foi campeã carioca e subiu no pódio em todas as etapas do campeonato.
— O segredo é dedicação. Trabalhamos para estar sempre entre os primeiros. É a melhor forma de mostrar o resultado do nosso trabalho e de fazer com que o projeto continue por muito mais tempo — diz Carlos.
A mais recente promessa do projeto é o lutador Leonardo Marques, de 21 anos (na foto ao lado de Anderson Silva). Morador do Jacarezinho, ele é atualmente o 3º colocado no ranking de lutadores até 79kg da Liga Carioca de Muay Thai.
— Há dois anos sofri um acidente de trabalho e acabei perdendo três dedos da mão direita em uma prensa de duas toneladas. Os médicos disseram que eu não conseguiria mais lutar. Mas sempre acreditei que podia voltar e, desde então, já tive a oportunidade de treinar com alguns dos melhores lutadores do mundo — conta Leonardo.
Sonhando um dia se tornar um grande nome no esporte, Leonardo persegue seu objetivo dia após dia com muita dedicação e força de vontade.
— Pratico muay thai há 7 anos. Cheguei mais longe do que imaginei, mas para mim não é o suficiente. Quero me tornar um dos melhores do mundo — afirma.
Fotos João Igor Xavier e Divulgação (de cima para baixo)

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